Crônica amiga #01

Olá meninas, tudo bem? Ontem antes de dormir eu tive uma ideia. Como vocês sabem, eu amo crônicas sobre relacionamentos. É meu #guiltypleasure, tanto que vire e mexe escrevo aqui também as minhas.

Mas, como para escrever crônica eu tenho que estar inspirada (tenho 3 no forno, hein?), eu decidi que toda semana vou colocar a de alguém aqui – por isso o título “Crônica amiga. O que acham?

Hoje eu vou repostar o texto de um dos meus cronistas favoritos do momento, Ivan Martins (recomendação de um super leitor do blog). Ele escreve no site da revista Época todas as quartas e adorei de cara a forma como ele aborda os temas do cotidiano.

Agora com vocês, uma das minhas crônicas favoritas dele, “A zona da amizade”:

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“Amizade não deveria ser prêmio de consolação para quem não consegue sexo ou romance, mas muitas vezes é. As pessoas se aproximam escondendo seus sentimentos – para não serem rejeitadas – e depois não sabem como colocá-los na mesa sem que pareçam ridículos ou descabidos. Viram amigos da pessoa que desejam, mas cheias de expectativas irrealizadas. Em termos afetivos, isso deve dever ser pior do que não ter relação nenhuma. Certamente é mais doloroso.

Tenho impressão que esse tipo de coisa acontece sempre com o mesmo tipo de pessoa. Ela não é inteiramente tímida, mas tampouco é segura o suficiente para expressar seus sentimentos com clareza. Para esse tipo de personalidade, seja homem ou mulher, a sedução pela amizade parece sempre uma boa solução. Ela oferece um jeito sem riscos de se aproximar e ganhar a intimidade do outro. O problema com essa sedução enviesada é que ela acaba sempre no mesmo impasse: como transformar o aconchego daquela amizade na tensão emocional que desemboca no sexo?

Muita gente não sabe o que é esse tipo de problema. São pessoas que têm o talento de se aproximar deixando claras suas intenções. Nem sempre são bem recebidas, mas ao menos não há equívoco. Todo mundo sabe o que está rolando e para onde aquilo conduz. É direto e excitante. Não se trata de uma abordagem inofensiva e nem pode ser confundida com amizade. Mas ela sempre traz para quem toma a iniciativa o risco de fazer papel de bobo. É um risco que certos egos estão dispostos a correr. Outros não.

Nem todo mundo sabe chegar chegando, sem parecer escroto ou piriguete. A maioria de nós começa a conversa como pode, nos limites da situação e da personalidade. Só mais tarde, lá na frente, vai perceber que pegou o caminho errado, aquele que conduz a um lugar subjetivo que o meu amigo Xandão – um homem sensível de 1,90m de altura e ombros de remador – chama de zona da amizade.

Sair da zona da amizade e entrar na zona do romance não é fácil. Demanda sorte. O outro tem que embarcar no mesmo sentimento. Em algum momento, a percepção sobre quem está ao lado precisa mudar – e é melhor que não aconteça às 3 horas da manhã, quando todo mundo está bêbado. Romances de madrugada entre amigos costumam trazer mais constrangimento que felicidade.

Melhor é começar direito, mesmo que seja difícil.

Quem está encantado pela outra pessoa, tem de deixar claro. Não pode ser grosseiro, não precisa ser vulgar, mas não se deve esconder os sentimentos. Como? Sei lá, mas evite baixar os olhos, sustente o sorriso, converse. Conversar não é o oposto de beijar ou transar, é uma preparação para isso tudo. Nem precisa ser uma conversa especial, eu acho. Quando a atração existe, ela permeia qualquer papo. Aos poucos, o ritmo da fala vai mudando e os corpos se aproximam. Pode não acontecer tudo hoje, mas uma hora acontece – se houver reciprocidade.

Quando ela não existe, melhor perceber logo e tomar, sinceramente, uma de duas atitudes possíveis: cair fora ou virar amigo. Mas amigo mesmo, desses que botam na cama PARA DORMIR a amiga linda e bêbada. Dessas que não se incomodam em ouvir o cara chorando por causa daquela desgraçada que trocou ele por outro. Essas amizades são lindas. Eu acredito sinceramente que elas existem. Mas deveriam ser claras e simples. Tão claras e tão simples quanto possível à complexa e obscura personalidade humana.”

httpepoca.globo.comcolunas-e-blogsivan-martins

PS: o que acharam? quero muito saber : )

Comentários

  • Lari, eu sou uma leitora obsessiva. rs. Adorei a ideia das suas crônicas e adorei a ideia da crônica amiga! E adorei, também, a coluna do Ivan Martins, que eu não conhecia e confesso que li 5 crônicas agora pela manhã.

    Por fim, queria apoiar totalmente as iniciativas intelectuais do seu blog e dizer que gosto dele justamente porque você não é apenas mais uma menina bonitinha postando fotos de look do dia, mas sim uma menina inteligente, e que é em pessoas assim que as leitoras de blog deviam se mirar, principalmente essa nova geração tão superficial e carente de bom valores.

    Bjs!

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  • Perfeito Lari!!!!
    Vou esperar ansiosa os próximos…rs!!

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  • Também achei a iniciativa muito boa. Falta tanto um bom texto, boa informação.
    adorei <3

    Sofia
    White Russian blog
    http://www.whiterussian.com.br

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  • Não acho legal, o blog é de moda é sobre esse assunto que queremos ler quando entramos

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  • Acho muito bacana essa sua iniciativa de colocar crônicas e coisas além de moda no blog. 🙂

    Essa em especial me tocou bastante!
    Bjo!

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